Nelson Oliveira e Rafael Reis abrem participação portuguesa no Mundial

Nelson Oliveira e Rafael Reis abrem, neste domingo, a participação nacional no Campeonato do Mundo de Estrada, que decorre, até dia 26, na região belga da Flandres.

Foto: FPC

Os dois portugueses integram a lista de inscritos no contrarrelógio individual para a categoria de elite, que irá ligar a praia de Knokke-Heist, banhada pelo Mar do Norte, ao centro histórico de Bruges. Para os milhares de adeptos que já enchem as esplanadas da cidade de chegada, os 43,3 quilómetros de exercício individual prometem ser uma festa e um excelente espectáculo. Para os corredores será quase uma hora de sofrimento contínuo em cima da bicicleta, fazendo da gestão do esforço o maior segredo para uma boa prestação.

Rafael Reis será o primeiro português a ir para a estrada, tendo a partida marcada para as 13h59m30s. Nelson Oliveira será um dos últimos inscritos a competir, deixando a rampa de saída às 14h53m30s.

Nelson Oliveira já terminou entre os dez melhores em mundiais de contrarrelógio em 2014, 2017, 2018 e 2019. O objetivo em 2021 é voltar a colocar-se no lote da melhor dezena de especialistas mundiais. O percurso totalmente plano não favorece o anadiense, mas a longa distância dá esperança ao representante de Portugal, porque faz com qua inteligência de corrida e a correta gestão das capacidades tenham uma palavra a dizer no resultado final.

“É um contrarrelógio com a distância habitual em Campeonatos do Mundo. É completamente plano, sem outras dificuldades. Vai ser necessário gerir muito bem para não perder muito tempo na parte final. Não vou pensar demasiado nos tempos intermédios, guardando forças para fazer uma parte final mais rápida. O vencedor será um contrarrelogista puro, um rolador possante. Pessoalmente, parto com o objetivo de fazer um resultado semelhante aos que tenho conseguido. A ambição é o top 10. Estou cá para dar tudo o que tenho no sentido de oferecer um bom resultado a Portugal”, afirma Nelson Oliveira.

Rafael Reis estreia-se em contrarrelógios de elite no Campeonato do Mundo, mas sendo um especialista na disciplina e conhecendo-se bem, sabe o que terá de fazer para conseguir uma prestação de qualidade. “Há alguns anos que não faço um contrarrelógio tão longo. Serão mais de 50 minutos de esforço contínuo. Sei o que consigo fazer em provas com esta duração. Será necessário gerir bem na fase inicial, porque, não havendo zonas de descanso, não podemos passar os limites no início, porque depois quebramos muito e isso é uma tortura muito grande. Portanto, os primeiros dois terços da prova têm de ser muito bem geridos para dar o máximo nos últimos 15 quilómetros”, explica o palmelense.

Rafael Reis e Nelson Oliveira foram reconhecer o percurso na manhã deste sábado. A prova vai desenrolar-se numa zona atreita a ventos, porque começa perto do mar e atravessa muitas estradas desabrigadas, ladeadas pela vegetação baixa típica dos campos de cultivo e das pastagens. Hoje o vento não tinha grande intensidade, prevendo-se que na tarde de domingo sopre com cerca de 10 km/h.

Foto: FPC

Mais influenciado pelo vento poderá ser o contrarrelógio de elite feminina, pois as rajadas na altura da corrida, na tarde de segunda-feira, poderão rondar os 20 km/h. A corrida contra o tempo das mulheres também terá participação nacional. Daniela Campos, sub-23 de primeiro ano, fará o contrarrelógio mais longo da carreira até este momento, 30,3 quilómetros, com partida e chegada nos mesmos locais da prova masculina.

A corredora algarvia, que regressa à competição depois de recuperada da Covid-19 que a impediu de participar no Europeu de Pista para SUb-23, também reconheceu o percurso na manhã deste sábado. “Nunca fiz um contrarrelógio tão extenso. A chave será uma boa gestão do esforço ao longo da corrida. Terei também de ter em conta o vento que se faça sentir. Não tenho expectativas de resultados, mas sim de fazer um bom desempenho pessoal e de ganhar experiência nesta disciplina. Como venho de um período longo sem competir, falta-me algum ritmo. Até nisso o contrarrelógio será importante, porque irá ajudar-me a ganhar algum ritmo para a prova de fundo”, adianta Daniela Campos.

O selecionador nacional, José Poeira, lembra que Portugal “não participa nas grandes competições apenas para participar. Temos sempre a ambição de fazer bons resultados, sobretudo na categoria masculina de elite, em que já temos uma boa experiência acumulada. Sabemos que o contrarrelógio não tem o perfil que gostaríamos, por ser totalmente plano. No entanto, é longo e a extensão é um ponto a favor do Nelson Oliveira, cuja qualidade nos permite ambicionar um lugar nos dez primeiros. O Rafael Reis, não estando rotinado em contrarrelógios tão longos, é um contrarrelogista nato e acredito que fará um bom desempenho”.

Calendário de corridas com participação portuguesa
19 de setembro, 13h30: Contrarrelógio Elite Masculina: Knokke-Heist – Bruges, 43,3 km
20 de setembro, 13h40: Contrarrelógio Elite Feminina: Knokke-Heist – Bruges, 30,3 km
21 de setembro, 13h55: Contrarrelógio Juniores Masculinos: Knokke-Heist – Bruges, 22,3 km
24 de setembro, 7h15: Prova de Fundo Juniores Masculinos: Lovaina – Lovaina, 121,8 km
24 de setembro, 12h25: Prova de Fundo Sub-23: Antuérpia – Lovaina, 160,9 km
25 de setembro, 7h15: Prova de Fundo Juniores Femininas: Lovaina – Lovaina, 75 km
25 de setembro: 12h20: Prova de Fundo Elite Feminina: Antuérpia – Lovaina, 157,7 km
26 de setembro: 10h25: Prova de Fundo Elite Masculina: Antuérpia – Lovaina, 268,3 km

Ciclismo + TV